Quem diria que Lula e Bolsonaro, tão opostos em seus discursos e visões de mundo, agiriam de forma tão semelhante quando se trata do uso de sigilos? Recentemente, o governo Lula tomou a controversa decisão de impor sigilos de 100 anos sobre uma série de informações que despertam o interesse público. Entre os documentos agora protegidos estão detalhes da agenda da primeira-dama Janja e comunicações relacionadas ao ex-jogador Robinho, além de documentos com dados pessoais de ministros, que incluem questões sensíveis sobre educação. Essa estratégia de ocultação não apenas levanta questões sobre a transparência do governo, mas também acende um debate sobre o verdadeiro compromisso dos líderes com o acesso à informação.

É importante lembrar que essa prática não é novidade no Brasil. Durante a gestão de Bolsonaro, a imposição de sigilos foi intensa, com nada menos que 1.108 casos de sigilos de 100 anos sendo aplicados. Essas medidas cobriam uma vasta gama de informações que deveriam ser de interesse público, dificultando o acesso da sociedade a dados cruciais para o exercício da cidadania e o controle social sobre as ações do governo. Agora, com Lula adotando uma abordagem semelhante, surge a pergunta: até que ponto esses líderes, aparentemente tão diferentes, realmente se distanciam nas suas práticas de governança?

Esse cenário gera uma série de críticas e reflexões sobre a verdadeira natureza da democracia no Brasil. O discurso de transparência, tão frequentemente evocado por ambos os lados, parece se esvanecer diante de ações que reforçam o sigilo e a opacidade. A sociedade brasileira é chamada a refletir sobre essa realidade: será que Lula e Bolsonaro são, de fato, tão distintos em suas posturas? O uso do sigilo, que deveria ser uma exceção, acaba por revelar uma semelhança inquietante entre as duas administrações.